Com os juros altos, o custo do dinheiro aumenta, tornando o crédito mais caro e dificultando investimentos e operações rotineiras. A inflação acumulada em 12 meses até maio (5,32%) segue acima da meta oficial do governo, o que tem levado o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central a manter a política de aperto monetário. A taxa Selic, utilizada como referência para todas as demais taxas da economia, alcançou 15% ao ano, maior patamar desde 2006.
Nesse cenário, cresce a necessidade de reforçar o controle financeiro nas empresas, com foco na geração de caixa, redução da dependência bancária e melhoria do capital de giro. Em tempos de juros altos, manter esse equilíbrio se torna mais difícil e exige atenção a fatores como controle de estoques, prazos de pagamento e recebimento, inadimplência e despesas fixas.
Muitos empresários se baseiam apenas na DRE (Demonstração do Resultado do Exercício) e no EBITDA — sigla em inglês para Earnings Before Interest, Taxes, Depreciation and Amortization, ou lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização. Esse indicador é útil para avaliar a capacidade operacional da empresa, mas não mostra se há dinheiro em caixa para cumprir os compromissos imediatos.
Por isso, entender o fluxo de caixa, especialmente o modelo direto, que mostra claramente todas as entradas e saídas reais de dinheiro, é fundamental para garantir a continuidade dos negócios. O EBITDA aponta o potencial de futuro, mas é o caixa que define se a empresa chegará até lá.
Ações práticas
Para enfrentar esse ambiente desafiador, é essencial revisar a política de crédito, encurtando prazos de recebimento sempre que possível, negociar prazos de pagamento mais longos com fornecedores para preservar recursos, controlar estoques de forma eficiente, evitando excesso ou falta de produtos, reduzir despesas fixas e custos operacionais com foco em eficiência, além de monitorar a inadimplência e atuar preventivamente com políticas de cobrança e análise de crédito.
Profissionais de contabilidade que atuam de forma estratégica são aliados importantes nestas ações práticas que mantêm a gestão do caixa em dia. Por meio de indicadores como giro de estoques, liquidez, endividamento e necessidade de capital de giro, ajudam o gestor a entender a real saúde financeira do negócio e a tomar decisões com mais segurança e dados concretos.
Caixa é rei
Empresas com ótimos indicadores operacionais podem quebrar se não tiverem dinheiro disponível para honrar seus compromissos, ou seja, o caixa é o combustível que move o negócio. Em um ambiente econômico desafiador, onde o crédito é caro e os custos aumentam, uma gestão inteligente do caixa é o que garante a continuidade, a estabilidade e até o crescimento de empresas preparadas. Em última instância, o caixa é rei e a chave para atravessar crises com solidez e visão de futuro.
Fonte: KBL Contabilidade